Substâncias da Amazônia são pesquisadas em Rondônia para criação de novos medicamentos

Laboratório de Neuro e Imunofarmacologia (NIMFAR) da Fiocruz Rondônia desenvolve pesquisas em 3 áreas principais: Bioprospecção de produtos naturais de interesse biotecnológico, fisiopatologia da malária e controle de vetores.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019 |

Os estudos de bioprospecção de novas substâncias têm mostrado possibilidade de explorar substâncias de origem natural, semissintéticas e sintéticas com possíveis propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, antidiabéticas, antitumorais, ansiolíticas, antidepressivas e anticonvulsivantes.

De acordo com Quintino Dias, Dr. em Ciências e pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz RO, que lidera os estudos, essa linha de pesquisa busca contribuir com as fases de pesquisas pré-clínicas a fim de identificar compostos químicos com potencial para se tornarem candidatos a novos medicamentos, para o tratamento de doenças crônicas infecciosas e não infecciosas. O pesquisador também explica que a busca por novos fármacos se justifica devido ao impacto socioeconômico que o tratamento dessas doenças traz ao país, especialmente pelos altos custos e limitações na eficácia terapêutica dos medicamentos, hoje, disponíveis à população.

Outra linha de pesquisa desenvolvida pelo NIMFAR é a investigação dos aspectos fisiopatológicos da infecção da malária e de seu tratamento, bem como a sua relação com a evolução de outras doenças crônicas não-infecciosas como o câncer, diabetes, dor neuropática, depressão, ansiedade e convulsão. Para o pesquisador em Saúde Pública, é preciso que haja mais investimentos e, consequentemente, novos estudos voltados à compreensão da relação da malária com outras doenças.

Dados epidemiológicos, sobre a malária, fornecidos pelo Ministério da Saúde mostram que a doença continua não apenas provocando significativos impactos negativos em saúde pública, mas também impactos econômicos, “uma vez que durante o curso da infecção, as pessoas que ativamente estariam trabalhando, param de desempenhar suas funções laborais”, explica Alice Guimarães, coordenadora de Planejamento e Qualidade, da Fiocruz Rondônia. Portanto, apesar da malária ter perdido o status de doença negligenciada, ainda continua sendo importante questão a ser resolvida do ponto de vista econômico e de Saúde Pública.

Ainda com relação à fisiopatologia da malária, evidências mostram que a doença bem como o seu tratamento podem influenciar no desenvolvimento, sobrevivência e sintomatologia de tumores. Para comprovar tais evidências, estudos experimentais são desenvolvidos no NIMFAR como a tese de doutorado da acadêmica Maria de Fátima Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental, da Universidade Federal de Rondônia, em parceria com a Fiocruz. O trabalho avalia se a malária e os medicamentos antimaláricos contribuem para o crescimento tumoral, agravamento dos processos fisiopatológicos e sintomas do câncer, tais como o processo inflamatório e dores típicas do câncer.