O ambulatório de Hepatites Virais do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia (Cepem) alcançou, em 2019, o número de 7.377 pacientes crônicos cadastrados. Só neste ano, entre os meses de janeiro e junho, 130 novos casos foram registrados no ambulatório, a maioria de Hepatite B. A doença não tem cura e o tratamento tem muito a avançar.
Os dados foram apresentados durante o I Simpósio de Hepatites Virais de Rondônia que foi realizado entre os dias 3, 4 e 5 de julho, em Porto Velho, e contou com a participação de mais de 200 pessoas, entre estudantes, pesquisadores e profissionais da saúde, de vários municípios do estado.
Para o pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz RO e médico infectologista do Cepem, Juan Miguel Villalobos-Salcedo, muitos desafios precisam ser superados “uma vez que temos um tratamento para a Hepatite B ainda com resultados precários, diante da complexidade de multiplicação do vírus, e opções terapêuticas que não acompanham a necessidade do paciente”, pontuou.
O doutor em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), João Renato Rebello Pinho, destacou, durante o evento, avanços no tratamento da Hepatite C, afirmando que atualmente é observado grande progresso no acompanhamento de pacientes, com a utilização de novos medicamentos e efeitos colaterais menos agressivos.
De acordo com a gerente estadual de Vigilância Epidemiológica da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Arlete Baldez, os municípios têm dado grande contribuição com campanhas e ações voltadas à conscientização, mas é preciso “combater a descontinuidade no tratamento, trabalhar na ampliação dos testes rápidos e oferecer formação continuada aos profissionais da saúde, além melhorar o registro de pacientes”.
Outro dado que chama a atenção é o grande número de pessoas que convivem com hepatite e não sabem que são portadoras do vírus, como afirmou o representante da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Elton Carlos de Almeida. Ele destacou esforços do Ministério no sentido de implementar o Plano Amazônico e Plano para Eliminação da Hepatite C, em todos os estados da região Norte do país.
Mariana Pinheiro Vasconcelos, médica infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e da Unidade de Terapia Intensiva do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron), enfatizou o histórico de prevalência das hepatites B e C na região, segundo ela “apenas em 2017, Porto Velho foi a segunda capital com a maior incidência de Hepatite B”, com o registro de 25,6 casos para cada 100 mil habitantes.
A médica também alertou que só nos últimos dois anos, 315 pacientes com Hepatite B foram cadastrados no ambulatório de Hepatites Virais do Cepem. A médica infectologista Lourdes Maria Pinheiro Borzacov, que tem experiência no tratamento de pacientes com doenças infecciosas e parasitárias abordou, entre outros assuntos, os desafios enfrentados pelos profissionais da saúde para um melhor diagnóstico e a importância da imunização.
Para a vice-coordenadora de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz RO, Deusilene Vieira, o evento trouxe aos participantes uma grande oportunidade para a troca de experiências e aprimoramento das ações já realizadas em suas localidades. Deusilene Vieira, responsável pelo Laboratório de Virologia Molecular, ressaltou a importância de estudos desenvolvidos com foco na descoberta de novas técnicas para o diagnóstico e tratamento de pacientes portadores de hepatites.
O I Simpósio de Hepatites Virais de RO foi realizado numa parceria entre a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) e Fiocruz Rondônia.
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Texto: José Gadelha
Fotos: José Gadelha