Com uma população de 13.638 indígenas, em 191 aldeias, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/Porto Velho) abrange a região sul do Amazonas, norte do Mato Grosso, e mais 5 municípios de Rondônia, incluindo a capital do estado.
De acordo com o coordenador de Saúde Indígena de Porto Velho, Luiz Tagliani, um dos principais desafios é promover a assistência à saúde nessas comunidades que sofrem com a distância e o número reduzido de profissionais que atuam, especialmente, no apoio à saúde indígena. Atualmente, o DSEI Porto Velho conta com 16 equipes multiprofissionais para atenderem as 191 aldeias que integram o Distrito.
“Nesse sentido, é preciso ampliar o atendimento oferecido à população indígena, e a parceria que realizamos com a Fiocruz RO, Lacen, Cepem e Agevisa vem fortalecendo cada vez mais a nossa proposta de oferecer um acompanhamento individualizado aos pacientes indígenas, que são portadores de hepatites”, destacou Tagliani.
Para discutir estratégias de atenção à saúde indígena, no contexto das hepatites virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), foi realizado no auditório do DSEI, em Porto Velho (04/12), o I Seminário de Hepatites Virais Crônicas na Saúde Indígena. O evento contou com a presença de representantes da Fiocruz RO, Cepem, Agevisa e Lacen.
O pesquisador em Saúde Pública e médico infectologista Juan Miguel Villalobos-Salcedo destacou a importância de um acompanhamento clínico e laboratorial mais preciso aos pacientes indígenas portadores de hepatites virais. Mauro Tada, diretor geral do Cepem, enfatizou o trabalho que já vem sendo desenvolvido pelo Cepem no atendimento aos casos de hepatites e outras doenças transmitidas por vetores e contato sexual, que afetam a população indígena da região.
A pesquisadora em Saúde Pública e chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz RO, Deusilene Vieira, ressaltou a importância dos projetos de pesquisa executados pelo laboratório, que abrangem grupos populacionais mais vulneráveis como povos indígenas e pessoas privadas de liberdade, e reforçou a necessidade “de mais iniciativas que possam colaborar para a apresentação à sociedade dos resultados alcançados pelas pesquisas realizadas pela Fiocruz RO”.
Estudos apresentados no Seminário
Durante o evento, foram realizadas exposições orais de projetos de pesquisa que são desenvolvidos pelo Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz RO. A doutoranda do Programa de Pós-graduação em Biologia Experimental (PGBIOEXP/Fiocruz RO/Unir) Fabianne Araújo abordou a “Análise epidemiológica e molecular do vírus da hepatite B e Delta na população indígena de Rondônia”, demonstrando que 3 dos 5 pólos-base do DSEI Porto Velho concentram prevalência das hepatites virais crônicas, entre os indígenas que participam da pesquisa.
A “Análise Filodinâmica e Filogeográfica do vírus da hepatite Delta isolado de população ameríndia na Amazônia Ocidental” foi o título da palestra apresentada pelo biomédico e mestrando do PGBIOEXP Felipe Souza Nogueira Lima, que abordou, entre outros assuntos, aspectos históricos da doença e a evolução do vírus (HDV), na região da Amazônia Ocidental.
Os resultados parciais da pesquisa intitulada “Determinação genotípica e mutações que influenciam as condições clínicas do vírus da hepatite B nas populações indígenas” foram apresentados pela estudante de Iniciação Científica Jessiane Rodrigues Ribeiro, que explicou sobre os diversos fatores que influenciam o curso clínico e as consequências da infecção pelo vírus da hepatite B.
O I Seminário de Hepatites Virais Crônicas na Saúde Indígena também contou com apresentações sobre as atividades realizadas, em Rondônia, pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/Porto Velho) e o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).
Texto: José Gadelha
Fotos: José Gadelha