O programa Audiência Pública exibido, diariamente, pela CBN Amazônia Porto Velho tem a proposta de promover uma reflexão sobre temas de interesse de toda a comunidade. Na última sexta-feira, 31, não foi diferente.
Participaram do programa jovens cientistas e pesquisadores, de diferentes laboratórios da Fiocruz Rondônia, numa proposta de levar ao conhecimento do ouvinte o que vem sendo desenvolvido pela instituição, na área da pesquisa em Saúde Pública.
O pesquisador Rudson de Jesus Holanda, integrante do Centro de Estudos de Biomoléculas Aplicadas à Saúde (CEBio), reforça que trazer a sociedade para perto dos pesquisadores é promover a formação da consciência social do país a respeito da ciência e tecnologia. Ele pontua que poucas pessoas sabem o que os cientistas fazem, em que os alunos estão envolvidos, e que até mesmo os processos de construção do conhecimento influenciam diretamente a vida de toda a sociedade. “Para se ter uma ideia, Rondônia chegou a ser responsável por metade dos casos de malária do país, na década de 90. Hoje, nós estamos discutindo os processos de erradicação dessa doença”, reforçou Rudson.
Para o pesquisador, o CEBio tem dado relevante contribuição aos trabalhos de pesquisa na região Norte. “Procuramos identificar na natureza, nas árvores, nas flores e animais moléculas que possam ser futuramente utilizadas no tratamento de doenças que afligem a população como malária e leishmaniose, pouco vistas pela indústria farmacêutica e que dependem de grupos de pesquisa dedicados a essas avaliações”, pontuou.
Nairo Brilhante, mestre em Biologia Experimental pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental da Unir (PPG-BIOEXP), lembrou, durante a entrevista, que nenhum país consegue alcançar o status de uma grande potência se não investir em ciência, pois para alcançar essa condição, pessoas qualificadas precisam agir na sociedade, em suas diferentes áreas de atuação e formação.
Atualmente, Nairo é integrante do Laboratório de Engenharia de Anticorpos da Fiocruz RO e, entre as linhas de pesquisa que o laboratório desenvolve, segundo ele, destaca-se a utilização de anticorpos (moléculas de defesa) em problemas de saúde pública muito comuns na região, a exemplo do envenenamento de serpentes. “Estamos buscando desenvolver no nosso laboratório um teste que seja capaz de identificar por qual gênero de serpente o paciente foi envenenado. Hoje, isso não é possível nas unidades de saúde, pois quando o paciente chega, o diagnóstico é feito simplesmente por uma avaliação clínica”, finalizou.
Outro assunto abordado no programa Audiência Pública foi a importância do Laboratório de Virologia da Fiocruz RO para as ações de diagnóstico e tratamento de doenças como as hepatites. A biomédica Fabiane Araújo, doutoranda do PPG-BIOEXP, desenvolve pesquisa com populações indígenas de Rondônia e busca verificar a prevalência das hepatites virais, entre esses grupos populacionais. Ela reforça que diante do alto índice de portadores do vírus, em Rondônia, é necessário que se desenvolvam pesquisas voltadas ao tratamento e erradicação dessas doenças. Além disso, esses estudos justificam-se pelo suporte dado à produção de novos diagnósticos para hepatites virais na região.
Já o pesquisador Mauro Paloschi, do Laboratório de Imunologia Celular Aplicada à Saúde, destacou estudos sobre os mecanismos de defesa do nosso organismo contra venenos de serpentes. Segundo ele, “estudar esse mecanismo é muito importante para o tratamento dessas pessoas que geralmente enfrentam dificuldade de acesso aos serviços de saúde”.
A pesquisadora em Saúde Pública Juliana Pavan Zuliani, doutora em Imunologia pela USP e responsável pelo Laboratório de Imunologia Celular Aplicada à Saúde, salientou a necessidade de investimentos destinados à pesquisa e, nesse contexto, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero) tem dado importante contribuição, “não só com fomento de reagentes e material de consumo, mas também com bolsas de estudo direcionadas à Iniciação Científica para alunos do ensino médio, graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado”.
O programa Audiência Pública é apresentado, de segunda à sexta, pelo jornalista Jeferson Carvalho, na CBN Amazônia Porto Velho, e vai ao ar das 9h30 às 10h30 da manhã. A emissora opera na frequência 101,9 FM.
Texto: José Gadelha
Foto: José Gadelha