Profissionais de saúde de Belize recebem capacitação sobre diagnóstico de leishmaniose e atendimento ao paciente

Capacitação em diagnóstico de leishmaniose tegumentar e atendimento ao paciente ocorreu em colaboração com o Hospital Cemetron, que é referência no Estado, e estrutura laboratorial da Fiocruz Rondônia.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022 |

Considerada área endêmica para leishmaniose, Rondônia registra em média mil casos anuais da doença, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/Ministério da Saúde).

De acordo com o Laboratório de Epidemiologia Genética da Fiocruz RO, só em 2021 foram analisados cerca de 200 casos suspeitos, atendidos no Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Hospital Cemetron) em Porto Velho e, destes, cerca de 100 tiveram o resultado positivo para a presença de DNA de Leishmania (parasita causador da doença).

Dados mais recentes disponibilizados pelo Cemetron, que é referência no atendimento a pacientes com leishmaniose, apontam que de agosto de 2021 a agosto de 2022 foram feitas 262 notificações de pacientes suspeitos, sendo que 96 amostras foram consideradas positivas para Leishmania. Situação que evidencia a necessidade de um olhar mais cuidadoso por parte de gestores públicos para a conformação de medidas que possam combater o surgimento de novos casos e a conscientização da população em relação ao diagnóstico e importância do acompanhamento especializado.

Por ser uma região com concentração de casos e disponibilizar atendimento diferenciado aos pacientes, contando ainda com a expertise de profissionais habilitados além da atuação de pesquisadores voltados à compreensão da doença na região, com linhas de pesquisa focadas no tema e estrutura laboratorial de alta performance a Fiocruz Rondônia tornou-se um polo receptor para treinamento de profissionais de diferentes regiões. Parceria que vem se consolidando com o Laboratório de Pesquisa em Leishmanioses (LPL) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), com sede na cidade do Rio de Janeiro, referência para a Organização Pan-Americana da Saúde (OPA).

Capacitação

Profissionais de Belize e pesquisadores do IOC/Fiocruz

Em recente capacitação sobre o diagnóstico de leishmaniose tegumentar e atendimento ao paciente, foram atendidos em Porto Velho profissionais da saúde de Belize (país localizado na costa Leste da América Central). Os participantes puderam acompanhar, na prática, todas as fases do atendimento aos pacientes previamente agendados, desde a recepção e consulta realizadas no ambulatório de dermatologia do Hospital Cemetron, pelo médico infectologista; o encaminhamento à sala de coleta de amostras do material (lesões desses pacientes); a parte laboratorial; diagnóstico parasitológico e indicação ao tratamento adequado pela equipe médica.

A capacitação foi realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Leishmanioses do Instituto Oswaldo Cruz (LPL/IOC/Fiocruz) em colaboração com o Laboratório de Epidemiologia Genética da Fiocruz Rondônia e o Hospital Cemetron. De acordo com Elisa Cupolillo, pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz e responsável pelo Serviço de Referência em identificação e genotipagem de Leishmania para o Ministério da Saúde e OPAS,

quando surgem essas demandas nós preferimos fazer a capacitação desses profissionais em Rondônia, pela concentração de casos que possui, o acesso facilitado aos pacientes e toda a estrutura de laboratórios da Fiocruz Rondônia, além de contarmos com o apoio do Hospital Cemetron e toda a atenção da equipe médica”.

Para o coordenador da Fiocruz Rondônia, Jansen Fernandes Medeiros, a capacitação oferecida aos profissionais de Belize traduz um esforço em conjunto da Fiocruz Rondônia e redes de colaboração constituídas com outras instituições para o fortalecimento das ações de pesquisa e demais serviços oferecidos à população local.

Leishmaniose

Segundo o Ministério da Saúde, a leishmaniose é uma doença infecciosa causada por parasitas do gênero Leishmania, que vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa humano. Apresenta-se em dois tipos: leishmaniose tegumentar ou cutânea e leishmaniose visceral ou calazar. O primeiro tipo caracteriza-se por feridas na pele (com maior frequência em partes descobertas do corpo), podendo surgir feridas nas mucosas do nariz, boca e garganta. Já o segundo tipo é considerado uma doença sistêmica pois acomete vários órgãos internos, principalmente baço, fígado e medula óssea.

A transmissão ocorre pela picada de insetos infectados com o parasita, conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos, popularmente conhecidos como “mosquito palha”, entre outros nomes. Em Porto Velho, o diagnóstico e o tratamento são realizados no Hospital Cemetron e na Policlínica Oswaldo Cruz, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Texto: José Gadelha