Estudos realizados por pesquisadores do Laboratório de Entomologia da Fiocruz Rondônia identificaram a presença do parasito causador da Leishmaniose em pelo menos três espécies de flebotomíneos, consideradas abundantes em unidades de conservação, e em áreas rurais.
Algumas espécies de flebotomíneos têm importância na transmissão de parasitas pois são vetores de protozoários que causam as leishmanioses. Entre os principais resultados das pesquisas realizadas pelo grupo, foi verificada maior diversidade desses insetos no ambiente de unidades de conservação, mas foi observada também a presença de espécies coletadas em áreas com presença de animais de criação e próximas a ambientes de mata, em regiões não preservadas nos municípios de Cacaulândia, Cacoal, Guajará-Mirim, Ji-Paraná, Monte Negro, Porto Velho e Vilhena.
A presença do DNA do parasito causador da leishmaniose, mais especificamente as espécies Leishmania braziliensis e Leishmania guyanensis, foi observada em alguns exemplares, sendo que a espécie do parasito Leishmania brasiliensis é predominante nos casos humanos de leishmaniose tegumentar, explica o pesquisador Antonio Marques Pereira Júnior.
Vale ressaltar que esse registro demonstra a circulação do parasito no ambiente pesquisado, o que requer continuidade nos estudos com flebotomíneos, na Amazônia Ocidental. “Dadas as dificuldades de se realizar pesquisas com esses insetos, como falta de especialistas, e o tempo que cada estudo demanda, pode-se concluir que certamente qualquer pessoa ao acessar regiões de mata e áreas de conservação estará exposta ao contato com o vetor causador da leishmaniose”, explica o pesquisador.
Ainda segundo ele, também foi detectada no intestino de fêmeas de flebotomíneos, por meio de procedimentos de biologia molecular, a presença do DNA de alguns organismos como Bos taurus (boi), Homo sapiens (humano) e de animais silvestres como Dasypus novemcinctus (tatu), Pecari tajacu (porco do mato) e Tamanduá Tetradacyla (tamanduá), evidenciando que esses insetos podem se alimentar do sangue de variados animais no ambiente.
A partir desses resultados, é possível direcionar novas pesquisas envolvendo os flebotomíneos na região, uma vez que são poucos os registros de estudos desenvolvidos em Rondônia sobre essas espécies e assim contribuir para um melhor entendimento no ciclo de transmissão e na epidemiologia da Leishmaniose.
Os resultados desses estudos serão apresentados durante o 55º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, que será realizado de 29 a 31 de julho, na cidade de Belo Horizonte/MG.
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Texto: José Gadelha
Fotos: Gutemberg Brigo IOC/Fiocruz e Gabriel Melim