Nota técnica da Fiocruz traz evidências sobre importância de vacinar crianças contra Covid-19

“Ainda que crianças adoeçam menos por Covid-19 e menos frequentemente desenvolvam formas graves da doença, elas transmitem o vírus”, alerta o documento.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021 |

A Fiocruz divulgou uma nota técnica ratificando a importância da vacinação contra a Covid-19 de crianças na faixa etária de 5 a 11 anos. O documento enfatiza que até a Semana Epidemiológica 48, em 4 de dezembro de 2021, foram hospitalizados no país 19.900 pacientes, abaixo de 19 anos, por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), confirmados por Covid-19.

Na faixa etária de menores de 1 ano, foram notificados 5.126 casos, sendo que de 1 a 5 anos foram 5.378 casos e 9.396 entre pacientes de 6 a 9 anos de idade. Em relação aos óbitos, foram notificados 1.422 óbitos por SRAG confirmados por Covid-19, 418 em menores de 1 ano, 208 de 1 a 5 anos, e 796 de 6 a 19 anos.  

A nota técnica também informa sobre a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica associada a Covid-19 (SIM-P), uma grave complicação da infecção pelo SARS-CoV-2 em crianças, gerando inflamações em diferentes partes do corpo, incluindo coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos gastrointestinais.

No país, apenas no ano de 2020 foram notificados 728 casos de SIM-P. Em 2021, até a Semana Epidemiológica 47, ocorreram 684 casos. Em relação à faixa etária, o maior número de notificações foi em crianças de 0 a 4 anos (33,5% = 473), seguido pela faixa etária de 5 a 9 anos (31,9% = 451). Dentre os óbitos, a maior parte ocorreu em crianças de 5 a 9 anos (27,1% = 23), seguida pela faixa etária de 10 a 14 anos (22,4% = 19) e 1 a 4 anos (22,4% = 19). A idade média dos casos que evoluíram para óbito foi de 7 anos.

Crianças abaixo de 12 anos são mais vulneráveis ao vírus

É importante considerar o impacto da Covid-19 entre as crianças. A experiência com SIM-P no Brasil mostrou que 64% das crianças e adolescentes acometidos tinham entre 1 e 9 anos de idade, com necessidade de internação em UTI de 44% das crianças hospitalizadas e letalidade de 6%. O documento alerta para o fato de que, atualmente, grande parte dessa faixa etária acometida apresenta à sua disposição uma vacina licenciada no Brasil com dados de eficácia e segurança robustos gerados no mundo, tornando a Covid-19 uma doença imunoprevenível a partir dos 5 anos de idade.

Além desses fatores ligados à morbidade e à mortalidade em crianças e adolescentes, a pandemia de Covid-19 representou expressiva descontinuidade na vida escolar de crianças e adolescentes nos últimos dois anos letivos. Nesse sentido, há alternativas hoje disponíveis para evitar ou minimizar os prejuízos pedagógicos, sociais, individuais e emocionais da descontinuidade da vida escolar das crianças, destacando-se os testes para permanecer na escola (testes semanais, testes de sintomáticos respiratórios e contatos) e vacinação.

No Brasil, a liberação da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), busca proteger o público infantil que passa a ter uma maior probabilidade de ser infectado pelo SARS-CoV-2. Dezenas de países já iniciaram a vacinação para crianças abaixo de 12 anos pelo mundo. Com o avanço atual da variante Ômicron, existe uma maior preocupação tendo em vista o seu alto poder de transmissão, especialmente nos indivíduos não vacinados, o que torna as crianças abaixo de 12 anos mais vulneráveis ao vírus.

Diante dos dados apresentados, a nota técnica conclui que as vacinas são a melhor forma se evitar mortes e sequelas graves decorrentes das doenças imunopreveníveis. Em relação a segurança das atividades escolares, algumas escolas solicitam aos responsáveis a carteira de vacinação, com o objetivo de tornar o ambiente mais seguro no que diz respeito às doenças transmissíveis, de modo a resguardar não somente a saúde individual, mas a coletiva no qual o aluno está inserido.

Acesse aqui a nota técnica na íntegra.

Texto: José Gadelha

Fotos: José Gadelha/Fiocruz Imagens