O laboratório de Microbiologia da Fiocruz Rondônia tem realizado exame para rastreio da bactéria Streptococcus agalactiae, também conhecida como Estreptococos do Grupo B (EGB), em gestantes de Porto Velho-RO. Esta bactéria é normalmente encontrada no aparelho digestivo de seres humanos e diferentes animais, sendo que em mulheres é muito comum no canal vaginal, sem que isso cause alguma doença.
No entanto, em mulheres grávidas, colonizadas pela bactéria, pode ocorrer a transmissão deste micro-organismo para o recém-nascido, ocasionando riscos à saúde do bebê, “que poderá desenvolver doenças graves como pneumonia, meningite e sepse”, explica o pesquisador Roger Lafontaine, autor do estudo.
O pesquisador também esclarece que, atualmente, não temos na rede pública de saúde um exame específico disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para detectar a presença desta bactéria em mulheres grávidas, sendo possível o seu diagnóstico somente na rede particular.
De acordo com o pesquisador, “na prática, o estudo evidencia a necessidade de ampliar o atendimento a todas as gestantes, uma vez que confirmada a presença desta bactéria na paciente, poderão ser tomadas medidas preventivas em relação à saúde do bebê”. Atualmente, as coletas para a pesquisa são realizadas em Unidades Básicas de Saúde, em colaboração com a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), e no Centro Comunitário de uma faculdade particular de Porto Velho.
Após a análise, os resultados são entregues à unidade na qual foi realizada a coleta. Nas gestantes colonizadas pela bactéria, a prevenção se dá por meio de antibióticos ministrados no momento do parto, sendo essa uma decisão da equipe médica. Segundo Roger, o exame consiste em coletar uma amostra do canal vaginal e retal da gestante, entre 35 e 37 semanas, por meio de um swab, cotonete específico para a coleta de material biológico.
Em casos suspeitos de infecção, as pacientes são orientadas a observar no recém-nascido sintomas como febre ou hipotermia, irritação, dificuldades na amamentação e falta de ar, durante a primeira semana de vida. Essas orientações são válidas, principalmente, para as gestantes que tiveram a presença da bactéria Estreptococos do Grupo B confirmada no organismo.
Dados da pesquisa
Mesmo parciais, os dados da pesquisa são expressivos. Até o momento, foram coletadas 426 amostras de mulheres grávidas, sendo que 98 delas (23%) estavam colonizadas com a bactéria. As análises também indicaram que os micro-organismos isolados são sensíveis aos antibióticos utilizados de forma preventiva (profilaxia), que são ampicilina e penicilina, principalmente, com taxas de resistência de 2% e 6%, respectivamente.
O estudo denominado “Prevalência da colonização por Estreptococos do grupo B em gestantes do município de Porto Velho-RO” tem o financiamento da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa de Rondônia (Fapero) e do Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS). Sob a orientação da doutora Najla Benevides Matos, pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz RO e chefe do Laboratório de Microbiologia, a pesquisa apresenta-se como alternativa para a prevenção da infecção pela bactéria Estreptococos do Grupo B em recém-nascidos. O projeto conta ainda com a participação da enfermeira Mariana Delfino Rodrigues, doutoranda em Ciências Biomédicas. Para Najla Matos, entre os resultados obtidos com o estudo, “a partir do rastreamento da bactéria, em tempo oportuno, pode-se ter um impacto na redução de problemas de saúde pública como a sepse neonatal, por meio da adoção de medidas preventivas”.
O estudo continua com as coletas, dando grande colaboração à saúde das gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde em Porto Velho. Roger salienta que as mulheres que fazem pré-natal na rede privada e/ou comunitária e que desejarem fazer o exame, este será realizado gratuitamente, sendo necessário apenas o agendamento da coleta pelo telefone (69) 9 9223-4620 (Roger) ou (69) 3216-5442 (CEPEM / Microbiologia).
Texto: José Gadelha
Fotos: José Gadelha/Anjo Gabriel