Com a chegada do inverno amazônico, aumenta a preocupação com as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, as chamadas arboviroses. Muito conhecidas da população na região Amazônica, a dengue, zika e Chikungunya são as mais recorrentes, mas também há outras doenças pouco conhecidas dos moradores, como os vírus oropouche e mayaro (este último muito comum em locais de difícil acesso e áreas de floresta, sendo o mosquito da espécie Haemagogus janthinomys o principal vetor de transmissão).
Deusilene Vieira, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia, explica que são mais de 500 arboviroses diferentes, destas, boa parte pode ser encontrada em estados da Amazônia, dadas as características da região, “com essa mudança do período seco para o chuvoso, é muito comum a população apresentar sintomas que podem estar relacionados a alguma dessas doenças”, destaca a pesquisadora.
Para atuar de forma preventiva, a Fiocruz Rondônia em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Acre e o Centro de Infectologia Charles Mérieux firmou parceria para análise de exames e diagnóstico dessas doenças. “Esse é um passo muito importante porque com essa vigilância molecular nós conseguimos entender melhor quais vírus estão circulando e a partir desse trabalho podemos fazer um melhor monitoramento e propor aos órgãos competentes alternativas seguras de vigilância e controle”, diz Deusilene.
A reunião de alinhamento ocorreu em Rio Branco-AC (13/12) e contou com a presença de representantes da Fiocruz Rondônia, do Centro de Infectologia Charles Mérieux e da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco. Daniel da Matta, gerente do Laboratório Rodolpho Mérieux – Hospital Estadual do Acre (Fundhacre) e também diretor do Centro de Infectologia Charles Mérieux enaltece a experiência do Laboratório durante a pandemia de Covid-19 demonstrando capacidade técnica e expertise para atuar no combate a outros tipos de doenças comuns na região.
Vigilância de microrganismos resistentes em ambientes hospitalares
No âmbito da vigilância de microrganismos resistentes em ambiente hospitalar, também foi realizado (12/12) um encontro de forma híbrida entre pesquisadores da Fiocruz Rondônia e da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre). A reunião teve o objetivo de discutir estratégias de vigilância de microrganismos resistentes em unidades hospitalares dos dois estados, sendo este um tema de preocupação para a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde. Em Rondônia, estudos coordenados pelo Laboratório de Biologia de Microrganismos demonstram incidência de bactérias resistentes a grupo de antibióticos mais eficazes no tratamento de infecções bacterianas, em unidades hospitalares de Porto Velho-RO.
Participaram do encontro representantes do Laboratório Clínico LAC-Microbiologia, do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Laboratório Charles Mérieux, Fundação Mérieux da França e Fundhacre.
Texto: José Gadelha