A Fiocruz lança na nesta sexta-feira (24/5) a sua nova marca. O lançamento, que faz parte das comemorações dos 124 anos da Fundação, é fruto de um trabalho de oito anos que mobilizou designers, jornalistas e outros profissionais, que gerou dezenas de reuniões e debates, passou por variadas instâncias internas e, finalmente, foi aprovado pelo Conselho Deliberativo (CD) da instituição em 22 de março. A nova marca atualiza a identidade visual da Fiocruz para o século 21. Junto com o novo desenho, e para poder melhor utilizá-lo, também está sendo lançado o Manual de Uso da Marca, com uma série de diretrizes e recomendações.
A modernização da nossa marca busca refletir as transformações da instituição e dialoga com o lugar estratégico que a Fundação vem ocupando, nacional e internacionalmente, na busca de soluções para problemas complexos, e que exige uma instituição atenta e comprometida, que avança para o futuro sem abrir mão de sua história”,
afirma o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado, diz que a marca é um dos elementos de identidade visual da instituição e visa comunicar rapidamente, para a sociedade, a relevância e a presença da Fundação, com um forte simbolismo.
Nossa marca, o Castelo Mourisco, é muito conhecida e querida pela população, em especial nas diversas cidades em que a Fiocruz está presente e por todos aqueles que usam os nossos serviços. A marca anterior já tinha duas décadas e precisava ser atualizada, considerando as transformações pelas quais a Fundação passou neste período, expandindo nacionalmente o conjunto de suas ações. A nova marca é um fruto de um belo trabalho, que deixou o Castelo ainda mais bonito e forte. Os 124 anos da Fiocruz são o momento certo para lançá-la”.
Segundo Cristiani, é importante citar que, além da atualização da marca principal, há outros processos que fazem parte desse movimento, como a elaboração, mais para frente, de um outro manual, o de identidade visual da Fiocruz. “Isso vai orientar o uso da marca principal e de outras marcas da instituição, o que permitirá dar coesão a todo esse processo de renovação e também fortalecer a presença e o reconhecimento da Fundação pela sociedade”.
A vice-presidente ressalta que esse trabalho é fruto de um longo debate, que reuniu muitos profissionais, em especial das áreas de design e comunicação. “E para além dessa primeira fase de atualização há outros processos em andamento, como a discussão de um lema associado à marca. Mais para frente teremos uma discussão das marcas das unidades da Fiocruz. Tudo isso está sendo desenvolvido no âmbito da Câmara Técnica de Informação e Comunicação e as decisões foram e serão tomadas pelo Conselho Deliberativo da Fundação”.
De acordo com o jornalista Wagner Vasconcelos, chefe da Assessoria de Comunicação Social da Fiocruz Brasília e que participa do trabalho desde o início, como coordenador-executivo do grupo de trabalho (GT) criado para esta finalidade, a Política de Comunicação da Fundação tem uma diretriz que trata da garantia da integridade da identidade visual e recomenda que a gestão das marcas da instituição seja aperfeiçoada. Vasconcelos diz que em 2016, em uma discussão na Câmara Técnica de Informação e Comunicação sobre a Política de Comunicação da Fiocruz, foi apontada a necessidade de criação de um GT para se debruçar sobre esta questão. Segundo Vasconcelos, em um levantamento feito no início de todo esse processo, foram identificadas mais de 400 marcas na Fundação.
“A Fiocruz tem uma profusão de marcas, seja das unidades seja das suas instâncias internas, como departamentos, coordenações, laboratórios, programas e outras, além de diversos produtos. São muitas convivendo simultaneamente e sem um regramento suficientemente forte para que não tenhamos problemas com a marca da Fiocruz. Na época não conseguimos identificar todas e creio que de lá para cá, com a expansão da Fiocruz, este número pode ter chegado a mais de 500. O número absurdamente alto não era o único problema. O outro é que não havia orientações que dessem conta de todas essas marcas de maneira harmônica, o que termina por causar danos à identidade visual da instituição”. Com isso, segundo o jornalista, perde-se em reconhecimento diante da sociedade e dilui-se a marca.
Vasconcelos afirma que a marca até então utilizada pela Fiocruz, que foi criada na década de 1970, quando a instituição adquiriu o nome de Fundação Oswaldo Cruz, tinha alguns problemas, tornando a sua aplicação um tanto complicada.
Havia o desenho do Castelo, os nomes do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz e ainda a sigla da instituição (Fiocruz). Pelo regramento da época foi possível incluir os nomes das unidades, dos departamentos, dos laboratórios etc. Isso vai acrescentando novas linhas à marca Fiocruz, o que a fragiliza e a torna um borrão, já que são muitas informações que prejudicam a legibilidade e a identificação. Com a marca nova conquistamos uma visibilidade muito maior”.
Ele destaca que a Fiocruz cresceu muito, inclusive incorporando instituições técnico-científicas de outros estados, que foram integradas à Fundação e trouxeram suas próprias identidades visuais, o que tornou ainda maior o desafio de conciliar todas essas marcas. “Por isso, inicialmente o GT precisou criar subdivisões, como uma voltada especificamente para a discussão do redesenho da marca, outra para discutir questões de comunicação e de sensibilização da comunidade para a importância da renovação e mais uma que se encarregasse das regras para a aplicação das marcas”.
Vasconcelos observa que cada avanço foi partilhado com instâncias internas, como o Fórum de Assessores de Comunicação e a Câmara Técnica de Informação e Comunicação e para reuniões da Presidência e do CD. “Fizemos uma forte articulação política, que viabilizou renovação, dentro do objetivo que era solucionar os problemas da antiga marca”.
Ele diz que o GT fez um levantamento de diversas instituições nacionais e estrangeiras que passaram por situações semelhantes em relação à atualização de suas marcas. Entre elas, a Embrapa, a Fundação Getúlio Vargas, a Universidade do Texas, a Universidade Johns Hopkins, a Universidade do Minho e o metrô de Londres. Isso incluiu reuniões com profissionais da Embrapa, que detalharam o processo ocorrido na empresa.
Em paralelo, os designers envolvidos no processo foram fazendo propostas. Alguns pressupostos foram cruciais: o de que o castelo, símbolo maior da instituição, teria que ser mantido no redesenho; o de que seria adotado, como texto, apenas a sigla Fiocruz, retirando o nome da Fundação por extenso e assim permitindo usar uma fonte maior; e que a marca da Fiocruz será sempre aplicada com a do SUS, reforçando os vínculos. “Quando testamos a nova marca, junto às de parceiros nossos, é nítido e inquestionável o ganho”, diz Vasconcelos.
“Decidiu-se por uma versão que tornou o desenho em fio único do castelo ‘mais limpo’ e mais arredondado nos vértices. Além disso, o logotipo ficou mais curto e traz o nome da Fiocruz em caixa alta. Também respondemos ao momento importante de expansão internacional da instituição, com o uso da sigla no logotipo, que é mais sonoro e fácil de memorizar”, detalha a designer da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Cláudia Souza e Silva.
Para também designer da COC/Fiocruz, Silmara Mansur, o processo exigiu “paciência, insistência e cautela”. “A marca Fiocruz tem como destaque o fato de ter sido feita por muitas mãos. Mãos de pessoas que vivem a Fiocruz, conhecem sua história e possuem um carinho enorme pela instituição”, afirma Silmara.
Elas explicam que o desenho do Castelo foi simplificado, perdendo algumas reentrâncias e detalhes que poluíam a visibilidade. “Quando testamos a nova marca, junto às de parceiros nossos, é nítido e inquestionável o ganho”. Daqui para frente, o GT também vai estudar uma renovação das fachadas dos prédios da Fiocruz.
“Manter o Castelo foi essencial, já que ele é o símbolo da instituição, representando a história, a tradição e a credibilidade”, destaca o desenhista industrial da Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic/Fiocruz), Eddie Souza. “Conseguimos criar uma identidade visual que reflete modernidade, inovação e o compromisso contínuo da Fiocruz com a saúde pública”.
Designer do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Fernanda Canalonga Calçada se diz orgulhosa por ter participado do trabalho. “Ver o resultado foi gratificante, especialmente pela sinergia entre conhecimento e técnica que nossa equipe de design empregou”.
Tão unânime quanto a escolha da permanência do Castelo na nova marca da Fiocruz foi a citação à importância do trabalho colaborativo, como comenta a designer do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Vera Lúcia Pinho. “Creio que esse foi o principal fator que tornou tudo possível”.
Vasconcelos lembra, no entanto, que este é o fim da primeira fase deste longo processo. Ainda haverá outras duas pela frente. “Esta primeira teve a ver com o desenho em si, com o Castelo mais claro e objetivo”. A segunda fase vai se dedicar à arquitetura da marca e a terceira fase vai focar na governança. Outra inovação será a criação de uma tagline (frase ou slogan que resume a essência de uma instituição), cuja escolha se dará pelo Conselho Deliberativo, a partir de debates nos conselhos das unidades.
“A modernização é o início de um intenso trabalho interno, fundamentado pela Política de Comunicação da Fiocruz, em torno da imagem da instituição. Trata-se de um esforço coletivo para que a percepção de uma instituição moderna e centenária se reflita não apenas nos elementos gráficos de sua marca principal, mas também na organização e no diálogo entre a marca principal e as diversas marcas de suas unidades”, explica a coordenadora de Comunicação Social da Fiocruz e uma das coordenadoras do GT da marca, Pamela Lang. “Ainda temos muito trabalho pela frente, mas a CCS [Coordenação de Comunicação Social da Fiocruz] está orgulhosa de ter participado e conduzido, junto com outros atores institucionais igualmente importantes, todo o processo que nos levou até aqui”.
A jornalista Elisa Andries, que foi coordenadora da CCS/Fiocruz e, de 2016 a 2022, coordenadora-geral do trabalho que deu início à renovação da marca da instituição, diz que tudo se deu de forma bastante desafiadora.
Optamos por trabalhar com profissionais da própria Fundação, que conhecem a instituição e sabem o que é melhor para a Fiocruz. Foram anos de esforços coletivos e para mim é um orgulho ter coordenado esse processo que leva à atualização de um ícone, um símbolo, que é o desenho do Castelo da Fiocruz”.
Elisa destaca que, após a pandemia e da decisiva atuação da Fundação naquele período, mais pessoas, Brasil afora, passaram a reconhecer de imediato o Castelo. “A marca também é um retrato desse elemento tão identificado com a saúde pública”. No entanto, ela ressalta que a mudança foi sutil, para não alterar além do necessário uma marca forte e que tem grande reconhecimento também por parte dos trabalhadores da Fiocruz, que constroem a instituição. “As modificações no desenho foram pequenas e incorporaram o nome da Fundação”.
Segundo a jornalista, que no último ano ocupou o cargo de chefe da Assessoria Especial de Comunicação Social do Ministério da Saúde, o esforço não se encerra no lançamento da marca. “Agora será necessário dar continuidade incluindo as unidades técnico-científicas da Fiocruz nesta mudança, já que elas também precisam ter uma identidade que se coadune com a da instituição. Será o desdobramento de todo esse trabalho”.
Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
com colaboração de Karine Rodrigues (COC/Fiocruz)