Em 30 de agosto, surgiram as primeiras manchas de óleo no litoral do Nordeste, atingindo, até o momento, 268 locais em 94 municípios e nove estados do Nordeste. Trata‐se de um desastre ambiental extensivo, sem fonte identificada, envolvendo decisões em condições de incertezas.
Chama a atenção o fato de que os dados divulgados sobre os locais atingidos apontam para situações e níveis de contaminação diversos: diferentes grupos populacionais, como militares e defesa civil, pescadores e marisqueiras, voluntários, entre outros, estão expostos aos riscos de contaminação, seja pela inalação, pelo contato dérmico ou pela ingestão de alimentos contaminados.
Os governos estaduais e municipais dos estados da Região Nordeste, bem como as secretarias municipais de Saúde e o Ministério da Saúde (MS), vêm atuando, desde o início desse evento, com objetivo de fortalecer as ações de vigilância em saúde (trabalhadores, epidemiológica, sanitária e ambiental), e de atenção à saúde das populações expostas.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em consonância com sua missão de “produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e que contribuam para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira, para a redução das desigualdades sociais e para a dinâmica nacional de inovação, tendo a defesa do direito à saúde e da cidadania ampla como valores centrais”, e considerando a complexidade do desastre em curso, e ainda a não identificação de sua causa – o que exigirá atenção redobrada por parte do Estado –, reafirma seu compromisso de integrar a rede colaborativa institucional de resposta ao derrame de petróleo na costa marítima, oferecendo para isso:
- Apoio estratégico ao MS e SUS na participação do setor saúde na resposta ao desastre;
- Disponibilização da competência técnico‐científica e infraestrutura da instituição;
- Instituição de Sala de Situação no âmbito da Presidência da Fiocruz, com envolvimento das direções dos institutos e unidades da Região Nordeste, em apoio ao Centro de Operações de Emergência (COE ‐Petróleo), do Ministério da Saúde;
- Suporte técnico‐científico aos governos e sociedade dos estados atingidos;
- Apoio às populações atingidas no cuidado, monitoramento e assistência diante dos riscos a que estão expostas.
NÍSIA TRINDADE LIMA
Presidente da Fiocruz