Estudo publicado em periódico mostra avanços no conhecimento dos transmissores de leishmaniose

Em estudo realizado pelo Laboratório de Entomologia, pesquisadores identificaram a presença de parasito do gênero Leishmania em duas espécies de flebotomíneos, consideradas abundantes em Rondônia. Pesquisas com o inseto transmissor do parasito são realizadas no laboratório, desde 2013, e contribuem para um melhor entendimento do ciclo de transmissão da leishmaniose.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020 |

Estudo coordenado pelo Laboratório de Entomologia da Fiocruz RO identificou a presença de parasito do gênero Leishmania, causador da Leishmaniose cutânea, em duas espécies de flebotomíneos (mosquito-palha) consideradas abundantes na região.

No estudo, as espécies Lutzomyia davisi e Lutzomyia antunesi são citadas como possíveis vetores de Leishmaniose cutânea. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Parasites and Vectors (Parasitas e Vetores) e reforçam a hipótese de que há participação dessas espécies no ciclo de transmissão da doença.

Estudo foi realizado na Floresta Nacional do Jamari

Para dar continuidade aos trabalhos, os pesquisadores pretendem descobrir, por meio de estudos experimentais, se essas espécies possuem a capacidade de transmitir o parasito a humanos. De acordo com critérios estabelecidos pela comunidade científica, para esta comprovação, é necessário verificar a biologia do parasito se desenvolvendo no inseto (vetor), e se ele consegue, de fato, transmitir a doença por meio de uma picada.

“Os estudos que desenvolvemos, até aqui, nos deram o conhecimento sobre quais espécies são potenciais vetores da doença em Rondônia, agora, queremos descobrir a relação parasito-vetor, ou seja, detalhes da capacidade das espécies de flebotomíneos de se infectar com os parasitos e como eles transmitem esses agentes patogênicos”, destaca Antonio Marques Pereira Junior, pesquisador do Laboratório de Entomologia.

No estudo, também foi evidenciado que alguns dos insetos capturados realizam alimentação sanguínea em diferentes fontes no ambiente de mata, mais especificamente: falcão-mateiro (Micrastur gilvicollis), jacamim (Psophia viridis), tamanduá (Tamandua tetradactyla), bicho-preguiça (Choloepus didactylus), além de humanos (Homo sapiens).

Esses dados foram possíveis por meio da identificação do DNA presente no sangue do intestino das fêmeas, que dependem da alimentação sanguínea para nutrir os ovos das espécies e assim manter o ciclo de transmissão. Vale lembrar que apenas as fêmeas infectadas desses insetos transmitem o parasito causador da leishmaniose.

O estudo foi realizado na Floresta Nacional do Jamari, localizada no município de Itapuã do Oeste. Para capturar os insetos, foram utilizadas armadilhas luminosas instaladas em alturas de 1 e 15 metros.

Resultados comprovaram maior captura de insetos na altura de 15 metros

Para o pesquisador em Saúde Pública e coordenador do estudo, Jansen Fernandes de Medeiros, essas informações são importantes, “para conhecermos como ocorre a interação e o comportamento de espécies que são vetores de leishmaniose em Rondônia, além de oferecerem à área da saúde dados que possam auxiliar em ações de vigilância e controle da doença”. O estudo contou com financiamento da CAPES/CNPq e Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa de RO (Fapero).

Texto: José Gadelha

Fotos: José Gadelha/Antonio Marques