Estudo avalia incidência de infecção por SARS-CoV-2 e Covid-19 em população de Porto Velho

Iniciada em Porto Velho pesquisa é realizada pelo Instituto Butantan em parceria com o Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia (Cepem) e a Fiocruz RO. Estudo também conta com apoio do consórcio “Todos pela Saúde” (Itaú/Unibanco) e UMANE. A meta é acompanhar, por um período de 1 ano e meio, mais de 300 participantes, na capital do estado.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020 |

O Instituto Butantan realiza a pesquisa Avaliação de Incidência de Infecção por SARS-CoV-2 e de Covid-19 (Avisa), em diversas regiões do Brasil. Em Porto Velho, o estudo é coordenado pelo Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia (Cepem) e irá acompanhar 320 participantes, por um período de 72 semanas (cerca de 1 ano e meio). No Brasil, cerca de 3.520 pessoas serão acompanhadas pelos pesquisadores.

O objetivo é traçar um diagnóstico sobre o comportamento do vírus na população local, considerando realidades apresentadas em cenários distintos. Informações como frequência de casos assintomáticos, capacidade de transmissão do vírus dentro da família, tempo de positividade de exames sorológicos, fontes de infecção e comportamentos de risco são fundamentais para o planejamento de ações públicas e serão obtidas durante esse estudo.

Na prática, os participantes e suas famílias são selecionados por sorteio dos registros de Estratégia de Saúde da Família, de forma a representar toda a população de Porto Velho. As famílias selecionadas receberão uma primeira visita para informação e esclarecimento sobre a pesquisa e, então, serão convidadas a participar do estudo. Os que aceitarem continuarão com visitas mensais da equipe do Cepem, composta por técnicos de enfermagem e enfermeiros, para a coleta de dados, amostras de sangue e testes rápidos para Covid-19. Os casos considerados suspeitos serão submetidos a diagnóstico por RT-PCR (teste molecular que detecta a presença do vírus no corpo) por meio de parceria com a Fiocruz RO.

Famílias selecionadas receberão visita de equipe composta por técnicos e enfermeiros

As informações coletadas integrarão um banco de dados que poderão auxiliar profissionais da saúde, pesquisadores e órgãos de vigilância em ações futuras. A cada três meses, após a inclusão do total dos participantes para o Centro de Pesquisa, serão emitidos relatórios pelo Instituto Butantan e Cepem sobre a pesquisa, para que os agentes de saúde locais possam utilizar os dados no seu planejamento de controle da Covid-19. É importante lembrar que os dados individuais dos participantes da pesquisa são mantidos em sigilo e não são compartilhados para que a privacidade deles seja respeitada.

O coordenador local do estudo, Dhélio Batista Pereira, destaca também a importância da pesquisa para uma melhor compreensão de fatores comportamentais da população, que podem estar associados à incidência do vírus SARS-CoV-2 no município de Porto Velho.

Com esse trabalho, “será possível fazer um diagnóstico da dinâmica do ambiente familiar, da comunidade em que estão inseridos e dos seus hábitos e comportamentos durante a pandemia, além do acompanhamento da evolução da infecção e incidência de casos, considerando ainda os riscos que os infectados representam para aquela região”, ressalta o pesquisador, lembrando que as famílias serão acompanhadas regularmente, durante 18 meses.

Resposta imune ao vírus

A resposta imune ao vírus e as diferentes apresentações clínicas da doença são aspectos que também precisam ser amplamente discutidos. Por meio do estudo, serão levantadas informações que servirão de subsídio para a comunidade científica e adoção de medidas de saúde pública no enfrentamento da pandemia, como por exemplo, a prevalência da infecção por SARS-CoV-2, a suscetibilidade da população e a duração da resposta imune pós-infecção. “O que será fundamental para continuarmos entendendo a relação entre o vírus e nosso sistema imune, facilitando o desenvolvimento de melhores medidas  de prevenção e para diminuição da transmissão viral e estratégias de planejamento de vacinação”, pontua Dhélio Batista.

O estudo é realizado em parceria com consórcio Todos pela Saúde (Itaú e Unibanco), iniciativa para enfrentar o novo coronavírus e seus efeitos sobre a sociedade brasileira e UMANE, associação civil sem fins lucrativos, dedicada a apoiar iniciativas de prevenção de doenças e promoção da saúde.

Texto: José Gadelha

Fotos: José Gadelha