Acordo de Cooperação Tripartite representa avanços em pesquisas e diagnóstico de doenças endêmicas na Amazônia 

Com o Acordo, a Fiocruz, Fundação Mérieux e Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre) dão importante passo no fortalecimento de ações voltadas à pesquisa em saúde e formação de recursos humanos para atuarem no combate a doenças endêmicas na região.

quinta-feira, 12 de outubro de 2023 |
Acordo foi assinado na sede da Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro (9/10). Foto: Peter Ilicciev.

A Fiocruz, a Fundação Mérieux e a Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre), por meio do Centro de Infectologia Charles Mérieux assinaram no Rio de Janeiro (9.10) um Acordo de Cooperação Tripartite. A iniciativa representa um passo significativo para os estados do Acre e Rondônia em direção ao fortalecimento e desenvolvimento de ações voltadas à saúde e à pesquisa, inovação e formação de recursos humanos qualificados, para atuarem no combate a doenças negligenciadas, consideradas endêmicas na região.

A ação é resultado de um intenso trabalho de cooperações e de pesquisa entre as instituições acreanas e a Fiocruz Rondônia que já vem desenvolvendo diversos estudos de avaliação e caracterização de enfermidades de importância médica na Amazônia, a exemplo das hepatites virais.

Com a assinatura deste documento, a Fiocruz Rondônia e a Fundhacre, por meio do Centro de Infectologia Charles Mérieux fortalecem ainda mais as colaborações. Até o momento, esta parceria já resultou no desenvolvimento de um teste de laboratório para a quantificação da carga viral de hepatite Delta (HDV) em pacientes acometidos pela doença. Antes deste método padronizado,

o diagnóstico da hepatite Delta era realizado, apenas, por meio de exame sorológico, o que não era suficiente para avaliarmos com precisão a progressão desta infecção. A partir de agora, a equipe médica tendo acesso a essa informação poderá oferecer um melhor acompanhamento do comportamento do vírus e compreender as possíveis relações entre a carga viral nos indivíduos infectados e os quadros de evolução da doença, principalmente associados à gravidade”,

pontuou Deusilene Vieira, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia, que participou da assinatura do Acordo de Cooperação na sede da Fiocruz-RJ, acompanhada do médico infectologista Juan Miguel Villalobos-Salcedo, do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem/Sesau-RO) e de outras autoridades.

Deusilene acredita que assinatura do Acordo é uma demonstração do compromisso que estas instituições envolvidas possuem com o futuro da Amazônia, “conhecida por seu potencial econômico, belezas naturais, diversidade cultural e uma população resiliente, e quando trabalhamos em conjunto podemos aproveitar todo esse potencial e o conhecimento aqui produzido, de uma maneira mais eficaz, pois conhecemos as peculiaridades da região e a realidade local, buscando beneficiar não apenas as populações que aqui vivem, mas exercitando um olhar diferenciado para o crescimento de todo o país”, destacou.

A assinatura deste Acordo de Cooperação vai abranger muitas outras doenças comuns na Amazônia e beneficiar a população da região Norte do Brasil. De acordo com o Diretor do Centro de Infectologia Charles Mérieux da Fundhacre, Daniel da Matta, a assinatura deste Acordo

também traz melhorias significativas ao diagnóstico oferecido para pacientes com suspeita de doenças como tuberculose, hanseníase e leishmaniose. Estas enfermidades quando confirmadas precocemente podem ser tratadas e curadas pelos médicos do sistema público de saúde”.  

A partir deste momento, “é possível compartilhar conhecimentos e experiências que buscam soluções conjuntas para questões regionais, assim como para o desenvolvimento e promoção da ciência nesta região que enfrenta grandes carências”, enfatizou Daniel.

Texto: José Gadelha